Em tempos de vírus e férias forçadas que tal aproveitar a oportunidade para nos conhecermos um pouco melhor e descobrir alguns dos fenômenos psicológicos que podem nos tornar reféns da ignorância?
Certa vez ouvi uma reflexão que me tocou profundamente: ” O homem sábio é aquele que desenvolveu a habilidade de manter suas opiniões flexíveis à medida da certeza de sua própria ignorância”.
Você já percebeu que nos dias atuais as pessoas estão cada vez mais vivendo nos extremos? Que quando acessamos nossas redes sociais, obviamente aprovamos e compartilhamos apenas aquilo que concordamos? O que pouca gente sabe é que as plataformas das chamadas redes sociais em seus algoritmos apresentam de forma prioritária aquilo que por um padrão pessoal aprovamos. Em resumo, acabamos por ter mais e mais do mesmo impedindo o desenvolvimento de uma visão holística e mais equilibrada do mundo e seus desafios, gerando assim essa polarização canibal que nos afasta das diferenças ao invés da integração das mesmas. Assim, sem percebermos nos tornamos mancos e simples repetidores de informações. Nos dias de hoje, o cérebro já está desnudo e as neurociencias nos atestam que infelizmente trabalhamos psicologicamente em uma dinâmica de “recompensas”, ou seja, acabamos por valorizar aquilo que é apenas congruente com o que penso no momento. Estamos nos tornando seres incapazes de gerar novos significados, seres amputados do senso crítico construtivo e que servem à competição ao invés do auxílio mútuo. Só temos olhos para o que nossas motivações mais obscuras apontam, o que traz para nossa rotina a ” atenção seletiva”, e assim como em um jogo às cegas, potencializamos aquilo que queremos que seja a verdade e subestimamos ( ou até fingimos que não vemos), aquilo que não interessa aos nossos desejos camuflados. Qual o problema disso? Acabamos por nos tornar alvos extremamente vulneráveis para a manipulação social servindo aos interesses do desconhecido, dividindo-nos e nos tornando mais frágeis diante dos embates da vida.
E não é só isso, existe um outro fermento nesse bolo prejudicial à saúde do homem, o ” erro fundamental de atribuição” que nos faz julgar o outro com grande severidade e sempre encontrar desculpas leves e totalmente racionais para nossos equívocos diante do mesmo enredo. É o chamado “um peso, duas medidas” que escancara a hipocrisia que nos corrói por dentro e nos impede da imparcialidade. O momento é propício para navegarmos pelos pantanais de nossas almas e descobrir se não estamos permitindo que esses fenomenos psicologicos estejam deixando nossas visões turvas nos enterrando no abismo da separação e das posições egoístas. Não basta ouvir apenas os especialistas que atendem nossas bússolas pessoais, é preciso integrarmos os pontos de vista de especialistas da mesma area que apresentam ideias contraditórias, e ainda melhor, ouvir especialistas também de outras áreas, caso contrário podemos estar sendo guiados para uma estrada sem saída. Não há como adotar uma direção equilibrada se não estiverem no mesmo debate mentes privilegiadas da biologia, da matemática, da economia, da sociologia e até mesmo da psicologia. O convite deste momento é para refletirmos sobre como esses fenomenos humanos podem comprometer nosso sucesso social, e porque não, êxito espiritual. Talvez seja a grande chance de no confinamento temporário termos a coragem salvadora de investigar isso tudo dentro de nós, e assim acolhermos esses conteúdos a fim de nos tornarmos pessoas melhores mais plenas e felizes, capazes de ouvir e integrar as opiniões que diferem das nossas e nos colocando novamente no caminho da união onde a meta central seja o melhor para todos e não à servidão ao orgulho e desejo de estarmos sempre certos. E aí, o que você acha de fazer esse mergulho libertador?
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